terça-feira, 3 de julho de 2012

Gênero Épico ou Narrativo

Galerinha do 8º ano, aí vai o referencial teórico da 3ª etapa.



GÊNERO ÉPICO OU NARRATIVO


1 – Ponto de vista ou foco narrativo: as histórias são contadas a partir do ponto de vista de um narrador, ser fictício construído a partir das palavras e que, portando, não deve ser confundido com o autor, “pessoa de carne e osso”.

Há duas formas básicas de se narrar uma história: em primeira pessoa ou em terceira pessoa.

1.1 – Narração em primeira pessoa: o narrador pode ser o protagonista ou um personagem secundário da história. Vejamos o exemplo:

Não, não, a minha memória não é boa. Ao contrário, é comparável a alguém que tivesse vivido por hospedarias, sem guardar delas nem caras nem nomes, e somente raras circunstancias. A quem passe a vida na mesma casa de família, com os seus eternos móveis e costumes, pessoas e afeições, é que se lhe grava tudo pela continuidade e repetição. Como eu invejo os que não esqueceram a cor das primeiras calças que vestiram! Eu não atino com a das que enfiei ontem.
                                                                                                                      ASSIS, Machado de. Dom Casmurro


1.2 -  Narração em terceira pessoa: o narrador pode ser onisciente ou observador.

A – Narrador onisciente: conhece tudo sobre os fatos e as personagens (seus sentimentos, pensamentos e segredos). Vejamos o exemplo:

A meia rua, acudiu à memória de Rubião a farmácia: voltou para trás, subindo contra o vento, que lhe dava de cara, mas ao fim de vinte passos, varreu-lhe a ideia da cabeça, adeus farmácia adeus, pouso!
                                                                                                                                         ASSIS, Machado de. Quincas Borba
                                                                                                                                                     
B – Narrador observador: domina os fatos, mas não “invade” o interior das personagens, contando apenas suas ações e comportamentos visíveis. Vejamos o exemplo:

O homem e a moça, na verdade, conversavam pouco durante aqueles almoços de verão. Depois do café o homem voltava para o pequeno estúdio nos fundos da casa, e às vezes a moça ia com ele. Ouviam música e conversavam, e então a moça voltava para a varanda do andar de cima em busca do sol do meio da tarde.
                                                                                           NEPOMUCENO, Eric. “As três estações”. In Coisas do mundo.

C – Narrador intruso: mesmo não sendo personagem, não participando da história, "tece" comentários em primeira pessoa, ou seja, fala com o leitor ou julga diretamente o comportamento das personagens.

Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem [...]
                                                                                                       ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas.

Machado de Assis foi  o primeiro autor brasileiro a utilizar sistematicamente este tipo de narrador.

2 – Personagens: quanto à postura, ao comportamento, as personagens são classificadas como planas, redondas ou esféricas, tipos e caricaturais; quanto à posição ocupada por eles na narrativa, podem ser definidas como protagonistas, antagonistas e  secundárias.

2.1 – Classificação quanto ao comportamento

A – Personagem plana: não altera o seu comportamento no decurso da narrativa e, por isso, nenhum ato ou nenhuma reação de sua parte podem surpreender o leitor.

B – Personagem redonda ou esférica: apresenta uma complexidade acentuada, múltiplas características, são enigmáticas e contraditórias. O leitor a percebe como representação de um ser humano possível de ser encontrado na realidade social. Geralmente, as personagens centrais das narrativas contemporâneas são redondas.

C – Personagem tipo: representa, geralmente, um grupo nacional, regional, social, ideológico, etc. A personagem tipo não sofre transformações, não apresenta mudanças afetivas, psicológicas ou ideológicas.

D – Personagem caricatural: é aquela cujas qualificações ou traços são apresentados de modo exagerado.


2.2 – Classificação quanto à posição na narrativa

A – Protagonista: é a personagem principal, em torno da qual se desenvolve o enredo.

B – Antagonista: é a personagem que se contrapõe à principal.

C – Secundárias: geralmente, menos importantes, episódicas e acessórias.


2.3 – As transformações do herói: do épico ao moderno

Ao longo dos séculos, o herói do poema épico se transformou devido às mudanças sociais e políticas por que passaram as sociedades humanas. A maior transformação ocorreu quando, no séc. XVIII, as epopeias deram lugar ao romance.

Escrito em prosa, o romance também focaliza as aventuras de um herói, sendo este definido pela força do seu caráter e não mais pelas conquistas pátrias. O herói moderno é um ser humano comum, que enfrenta uma série de problemas cotidianos e luta para superá-los, sem qualquer ajuda divina. Essas características o diferem do herói épico.

Gênero dramático


Galerinha do 9º ano, aí vai o referencial teórico da terceira etapa. Estudem!


O GÊNERO DRAMÁTICO

A principal característica do gênero dramático é a tendência à representação, ou seja, os textos pertencentes a esse gênero são escritos com o objetivo de serem representados por atores a um público. Sua estrutura, portanto é organizada de modo a obter êxito na dramatização, com o auxílio de elementos como o cenário, o figurino, a sonorização, dentre outros, que situam a obra em relação ao tempo e ao espaço.

Os textos do gênero dramático são organizados através das falas dos personagens (discurso direto), permeadas por rubricas ou didascálias, que representam indicações cênicas e nomes dos personagens a cada mudança de turno (fala) no discurso.


1.1   – UNIDADES DE AÇÃO DO TEXTO DRAMÁTICO
As maiores unidades de ação são denominadas atos (divisões do texto dramático que ocorrem a cada mudança de cenário), que se subdividem em cenas (partes dos atos que correspondem à entrada ou saída de algum personagem).


1.2 – ORIGENS:

A principal explicação para a origem do drama seriam os festivais, realizados na Grécia Antiga,  em honra ao deus Dionísio (ou Baco, para os romanos) ao fim de cada colheita de uva. Nesses festivais, bebia-se e cantava-se em louvor a esse deus, homenageando-o através de procissões e da apresentação de seus feitos por um coro, liderado por um *corifeu.  De acordo com o Mito de Téspis, em uma dessas apresentações, o jovem Téspis revolucionou as homenagens ao deus do vinho ao desgarrar-se do coro e subir no altar e gritar “Eu sou Dionísio”. Ele, assim, deu origem  ao ofício de ator e à arte da representação.

*Corifeu: regente do coro nas tragédias gregas.


1.3 – MODALIDADES DO GÊNERO DRAMÁTICO
Grécia Antiga

1.3.1       TRAGÉDIA: Segundo Aristóteles, o objetivo das tragédias era o de provocar uma forte impressão no público, de tal maneira a fazer com que as pessoas refletissem sobre as paixões e vícios humanos, a partir da piedade e do horror produzidos pelas cenas vividas por herois, que apesar de grandiosos cometem erros, muitas vezes inconscientemente.

Nessas peças, o heroi é um ser superior, ético, que enfrenta as adversidades impostas pelos deuses e pelo destino e assumem o erro cometido, tendo um fim trágico, geralmente fatal.


1.3.2       COMÉDIA: Por meio das comédias, eram representados fatos comuns, cotidianos, corriqueiros, relacionados à vida de pessoas comuns. A principal função da comédia era a crítica dos costumes por meio do riso.


Para Aristóteles a tragédia e a comédia desempenhavam uma importante função em relação ao público espectador. Assistir a encenações de dramas envolvendo os vícios e paixões humanas, segundo o filósofo, leva os espectadores à catarse, ou seja, à purificação da alma pelo terror, pela piedade, ou pelo riso que tais encenações despertam por meio das situações que tematizam.



Idade média

1.3.3        AUTO: Peça curta, geralmente de cunho religioso ou profano, com teor moralizante. Os personagens representados eram entidades abstratas, como a bondade, a virtude, a hipocrisia, o pecado, a gula, a luxúria.


1.3.4       FARSA: Peça também pequena, como o auto; seu conteúdo envolvia situações ridículas e grotescas, objetivando criticar os costumes por meio da sátira. A Farsa difere da Comédia pelo fato de não preocupar-se com a verossimilhança.

Ex.: A farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, escrita a partir do ditado: “Mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube”

1.3.5            TRAGICOMÉDIA: Peça em que se misturam elementos trágicos (assunto e personagens), com elementos cômicos (linguagem, incidentes e desfecho). Seus temas são variados, como, por exemplo, violência, morte, roubos, dentre outros; sendo a eles dado um tom de humor.

1.3.1              DRAMA MODERNO: Essa modalidade surgiu no séc. XIX e tem como principais características a liberdade de expressão, a eventual mistura entre o sério e o cômico e o estudo do homem burguês em seus conflitos familiares e sociais, havendo uma aproximação dos conflitos representados pelos personagens da peça com aqueles vivenciados pelo homem.